segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Depois de um tempo em que me escondi aqui, num motel de estrada, com os néons e o cheiro a fritos a besuntarem o ar, decidi que o regresso seria o mais acertado. Peguei no BI, decorei-o e voltei a lê-lo(esqueço-me tanto nos dias que correm). Não vou tomar banho porque está frio, apenas isso. Será a preguiça? Não, é mesmo o meu braço tísico e fino que se estica e ressente, com os seus habitantes minúsculos, eriçados e apavorados. Já tenho a barba grande, mas no espelho só corrijo aquele alto de cabelo que se destaca na nuca e foge um pouco à pobre imagem que ainda quero vender no mundo, lá fora. Tocam à campainha, mas só metade do toque, o resto fica encravado nos tímpanos,e no plástico que já não se movimenta com subtileza. Quem é? Um dos cinco com certeza, que voltou e me arrasta de novo para a sala. Se tinha saudades? Tantas que pensei estar a morrer. O chão sujo e areia solta do cinzeiro faziam-me ver coisas, fumos que não eram mais que brisas trocadas e cinzas que não passavam de pó. Tocam de novo.
Já vou. Já vou.
Ainda não apaguei.
E por falar nisso vou fumar mais um.