quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Aviso

A partir de dia 1 de Janeiro de 2008 pode-se fumar aqui.
Obrigado.

O que eles disseram

Nunca soube escrever o barulho que faz um isqueiro... E no entanto aqui estou, alheado de tudo o resto, concentrado no gesto que repito, esperando que com a próxima chama que nasça, o meu espírito se ilumine.
(Um amigo há um ano atrás.)

Surdo de mim

Estou surdo de mim.
Posso gritar, podes gritar
com as tuas tretas e caretas
tormentos e lamentos
pedradas e fachadas
ou outras gargalhadas
não és feliz e então?
Dorme que hoje não te ouço
não me ouço
estou surdo de ti
sempre a pensares que és outro
maior que o pouco
canta lá as tuas vitórias
saudades e memórias
cospe ou bebe
que eu hoje fico seco
és o melhor e então?
Descansa lá, hoje fartei-me
amanhã casamos
amanhã digo sim
hoje
estou surdo de mim
Já desejei 57 Felizes Natais.
Aos 100 ganho um Ano Novo à borla.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Adultério energético

Andava a dormir com uma mulher cansada.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Tangerina

Tinha as mãos a cheirar a tangerina. Talvez o fumo se cole aos dedos como tiras de mel antes que ela chegue. Antes estivera a esgravatar esfomeado uns gomos para dentro de um prato de restos, minúscula cozinha que tanto lhe lembra a avó, e agora sentado, aguardando, sente as narinas cheias. Esconde nos bolsos os dedos perdidos que antes lavaram a loiça suja e passaram por um creme rosa com outro aroma, apesar disso, e de o mundo ser feio, tudo cheira inevitavalmente a tangerina. E o que ela vai dizer, pensa. Não vai reparar, chega atarefada com um saco de papel carregado de roupa e não detecta. Inventa desculpas tangerinescas, estive tanto tempo a cheirar que não cheiro outra coisa, como uma loja de perfumes em que habitando lá mais que dez minutos engolimos todos os perfumes numa brisa uniforme. É isso. Ela vagueia ao longe. Ele pensa seguro com as mãos nos bolsos, trauteando a frase inicial como se fosse uma manobra de diversão. Cada vez mais perto. Mãos nos bolsos, mas uma inevitavelmente tem de sair para lhe encontrar a cintura.
- Olá amor, tudo bem?Por onde andaste?Já cá estou há tanto tempo(mentira)...
- Olá...Então eu..epá cheiras a tangerina...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A segunda-feira é sempre um dia fora de prazo.
Mesmo azul e cristalina tem aquele sabor azedo da preguiça.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O que eles dizem

1 ano
Fumando um maço de tabaco por dia, gastas 2,80€ x 365 = 1022 € arredondemos para 1000 euros. Com mil euros comprarias o que consta em cada uma das seguintes alíneas:
- mais de 60 cd's, o que é mais ou menos metade da discografia dos Stones.
- uma viagem de ida e volta a Nova Iorque, com estadia e meia pensão para 2 pessoas.
- mais de 40 pares de sapatos, ou seja, calçado para duas ou três vidas.
- mais de 20 depósitos de gasóleo o que, gastando uma média de 6 litros aos cem, te faria chegar em linha recta até Moscovo e voltar duas ou três vezes.
- cinco caixas completas do Seinfeld.
- 200 bilhetes para o cinema. não repetindo são duzentos filmes num ano.
- mil torres eiffel em miniatura.
- cinco anéis de diamantes para a Li.
- 700 minis no samambaia. sim, a mini aumentou de 0,65€ para 0,70€.
- 500 fellatios na avenida do restelo.
- muitas outras parvoíces que agora não m'alembro.
(Um amigo a propósito da data de hoje)

Feliz aniversário

A 5 de Dezembro alguém acendeu este blogue.
Passou um ano
e alguém se esqueceu de o apagar.

Infantil

Farto de fábulas fumou a cigarra e matou a formiga.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Natal

Arde, cigarrito,
Vamos a Belém,
Ver o Deus Menino
Que a Senhora tem;
Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora.
Arde, cigarrito
Vamos lá embora.

Sharon Stone

- O que pensas da Sharon Stone?
- O que penso dela?
- Sim o que achas dela.
- Mas em que contexto?
- Ora no contexto que achares mais adequado.
- Se foi por causa dela que comecei a fumar, é isso que queres saber?
- Fala-me só dela...
- Mas achas a Sharon Stone realmente importante?
- Acho.
- Eu gosto dela. Mas não foi ela que me trouxe aqui. Embora a considere um cigarro ambulante. Talvez a única actriz que se sentou realmente nos meandros e viscosidades desta merda a que lá fora chamam doença, e com razão claro. Uma mulher daquelas não faz bem a ninguém.
- Então lá fora estamos em que filme?
- Lá fora vivemos um filme da Meg Ryan. Não há nada de podre nela. Enquanto aqui se descruzam as pernas a lembrar que precisamos de mais. Aqui todos somos um Michael Douglas resignado.
- Ou que já morreu...
- Sim possivelmente que já morreu...