Apaga o cigarro, sobe e bate no cinzeiro rodando e tentando esconder a réstia que queima. Os dedos pressionam estrangulando o pequeno filtro, sem hipótese de viver, dizendo um adeus num fio de fumo que sobe e rapidamente se desvanece no ar amarelo.
- Você tem de ser bom – conta o brasileiro da mesa do canto, bêbado – Não é assim João?
- É sim senhor – responde sem olhar para ele, só o ouve no seu discurso enrolado, nas suas filosofias de outras terras. Cada dia é um acontecimento, disse-lhe uma vez, João guardou.
- Pode ser pobre, pode ser rico, mas se você for bom, você se dá bem. As pessoas dizem, aquele cara é bom, vamos ajudar ele. Ruindade não nos leva a lado nenhum. – fala com cabelo despenteado, cinzento, e olhos flutuantes, que se encostam num passado saboroso.
- Mas aqui todo o mundo é frio – e aí liga a conversa de sempre, volta ao Brasil por momentos, onde todas as mulheres são belas, onde está calor.
Aqui não, João tem frio, despede-se do companheiro, não sei o teu nome, lança um vislumbre na névoa rasteira que caracteriza o meio lá em baixo. Tenta esquecer que amanhã de manhã estará aqui outra vez, que se irá sentar de novo, em frente ao computador, horas e horas, e depois volta aqui. Você tem de ser bom, lembra-se, ri e pensa que não. Um casal aos beijos, quase caídos nos bancos, ninguém repara nem se incomoda, nem ele se incomoda, as pessoas fumam, tudo o resto passa ao lado, todo o lodo se acumula lentamente nas paredes sem lei nem ordem. Também já fodi nas casas de banho. Cá fora, sopra um desagrado, encolhe o pescoço e sobe o casaco, segue até à praceta da fonte, sem mulher nenhuma em pensamento, estranho. Curva e então vê, dois rapazes, descalços, a apanhar as moedas que as pessoas atiram, a roubar os desejos de uma vida melhor. Com genica arrastam os pés, bem colados à pedra, a sentir o toque, têm um saco de supermercado onde atiram o roubo. A fonte é uma meia lua, que se encosta numa das paredes do antigo hospital, agora armazém de fruta.
João nunca quis saber. Continua seu passo, se acelerar ainda apanho a segunda parte do jogo.
- Você tem de ser bom – conta o brasileiro da mesa do canto, bêbado – Não é assim João?
- É sim senhor – responde sem olhar para ele, só o ouve no seu discurso enrolado, nas suas filosofias de outras terras. Cada dia é um acontecimento, disse-lhe uma vez, João guardou.
- Pode ser pobre, pode ser rico, mas se você for bom, você se dá bem. As pessoas dizem, aquele cara é bom, vamos ajudar ele. Ruindade não nos leva a lado nenhum. – fala com cabelo despenteado, cinzento, e olhos flutuantes, que se encostam num passado saboroso.
- Mas aqui todo o mundo é frio – e aí liga a conversa de sempre, volta ao Brasil por momentos, onde todas as mulheres são belas, onde está calor.
Aqui não, João tem frio, despede-se do companheiro, não sei o teu nome, lança um vislumbre na névoa rasteira que caracteriza o meio lá em baixo. Tenta esquecer que amanhã de manhã estará aqui outra vez, que se irá sentar de novo, em frente ao computador, horas e horas, e depois volta aqui. Você tem de ser bom, lembra-se, ri e pensa que não. Um casal aos beijos, quase caídos nos bancos, ninguém repara nem se incomoda, nem ele se incomoda, as pessoas fumam, tudo o resto passa ao lado, todo o lodo se acumula lentamente nas paredes sem lei nem ordem. Também já fodi nas casas de banho. Cá fora, sopra um desagrado, encolhe o pescoço e sobe o casaco, segue até à praceta da fonte, sem mulher nenhuma em pensamento, estranho. Curva e então vê, dois rapazes, descalços, a apanhar as moedas que as pessoas atiram, a roubar os desejos de uma vida melhor. Com genica arrastam os pés, bem colados à pedra, a sentir o toque, têm um saco de supermercado onde atiram o roubo. A fonte é uma meia lua, que se encosta numa das paredes do antigo hospital, agora armazém de fruta.
João nunca quis saber. Continua seu passo, se acelerar ainda apanho a segunda parte do jogo.
2 comentários:
Mto bom o teu estaminé virtual...Mto bom mesmo!Um abraço grande ;)
lol, ao menos no brasil tá quentinho... jokas dani
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