Conta mentalmente os posters que estão pregados acima das cabeças que entram para o enorme átrio que leva às pipocas e aos bilhetes. Antes as coisas eram separadas, bebidas dum lado, papel do outro. A decisão de um filme mais ou menos longo estava separada da decisão de um estômago com mais ou menos pipocas. Mas as vontades também mudam, e agora é tudo no mesmo balcão, sujando as mãos de manteiga, limpando no bilhete, rasgado de seguida e seguido por um gole no enorme balde de refrigerante. Mas hoje não veio ver as películas e os estofos azuis, veio vê-la. Cruza as pessoas e olha nos intervalos para o infinito, como o seu horizonte fosse só um. Joana, fechada num papel de parede que desconhece, vai rasgando bilhetes e sorrindo à medida que os espectadores decididos sobem as escadas. Conversa também com o colega da frente, dá-lhe indicações sobre alguma coisa, parece decidida, pelo menos é isso que chega a João. Deste lado pareces tão feliz, será que és tu quando passar o vidro? Sempre admirou algumas mulheres, aquelas que não tem e aquelas que teme. Joana era as duas coisas e era ali, no vício da conversa casual, do esforço do quotidiano, nas rugas mais simples, nos gestos mais virgens, que ela era completamente perfeita.
quarta-feira, 18 de julho de 2007
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1 comentário:
que se passa com este blog? fechou pra ferias foi?
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