terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Sem óleo na escrita queria escrever mais que uma simples receita.
Tantos sabores na parte dianteira da cabeça.
Pouco paladar na ponta dos dedos.
Gostava de escrever sim sobre coisas, sobre o canhoto que fuma com a mão direita, sobre o pobre que toca harpa e já não se endireita, sobre o destro que comia nespras nas manhãs de domingo, ou o homem do talho a morrer na partida de bingo. Gostava de rebentar e espalhar a cinza, do supermercado vazio com seu repositor, ladrando para as latas de atum, sem amor nenhum. Sem nunca esquecer a rima, anima anima, as paredes alheias vivendo a vida do vizinho
é tarde
e um dia vou acabar sozinho.

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