quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Maria

Toda a minha vida tive folhas à minha porta. Folhas secas que caíram noutro lado e que voaram para o meu lar.Fosse Outono ou fosse Verão, fosse a brisa gelada do Inverno ou os truques airosos da Primavera, os rostos cansados ou os sorrisos fortalecidos, sempre, no meu chão. Olhava para a direita, esquerda, e via uma rua imaculada. Eu, por outro lado, sempre com as folhas da memória,espalhadas Fizeram-me perder as diferenças, soltar aquilo que me separava dos outros e flutuar apenas como mera mulher, como ser andante que espera que a eternidade acabe. Mas para sempre é muito tempo e tu vieste. Num dia fechado abriste o meu sorriso (já nem o conhecia) e deste-me luta. Pegaste nas folhas vadias e que nem marujo bravo ataste as pontas soltas, juntaste o que restava e disseste que o resto não importava. Deixa o resto.Gritaste. Somos nós.Disseste.E fomos sempre, um par.
Hoje já não tenho folhas. Teu vento levou-as. Por tudo, deixo-te aqui estas palavras. Espero que guardes esta folha e que a tenhas, não à tua porta mas dentro de ti.

Com amor...

Maria

Sem comentários: