O domingo não acaba só porque os ponteiros decidem andar mais aquele segundo e colarem-se que nem duas osgas no tecto de um quarto, não porque os alarmes às vezes tocam e os sinos às vezes balançam dando cheiro e carne ao medo, fumo.O domingo acaba e veste-se de segunda-feira porque a areia muda. A valsa das beatas ou a praia das tormentas, dizem os velhos e os trocados, entre outros cuspos que se saltam de orelha em orelha. Joana prefere a dança, por razões de cor e de sintonia. Veio ver a valsa menina? Abana apenas a cabeça castanha, com uma cascata clara que lhe limita face e a atira para baixo. Já se esqueceu de o pintar ou esqueceu-se que não gosta dele mais luminoso, embora lhe digam que os olhos redondos e a seda das curvas se renasce com ele assim. Joana não liga. Já falta pouco e as pessoas vão aninhando a fé junto do grande cinzeiro;
uma velha curvada, casaco azul
jovem cinzenta, mala a tiracolo
rapaz moreno, caracóis e boné
casaco branco, óculos graudos
um iogurte bebível, casaco vermelho
fato de treino azul, mochila quadrada
camisa ao xadrez , desabotoada
gravata roxa, rosa na ponta
meias descaídas, calcanhar descoberto
boina na mão, mão na cabeça
Cinzas de vida, agitadas no remoinho de badaladas, o espectaculo da semana, desenhado a papel químico de outros olhares. Ao fundo alguém mete moedas no telefone que funciona.
cabelo escorrido, casaco de ganga atado à cintura.
Vem ao início do ar, cada vez mais grave e sonoro. aí começa a girar, claras em castelo numa panela metálica. já se sente a areia.
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